15.7.06

a anca ancha volta a atacar

Hoje passei um sábado caseirinho, escondida do calor da rua. mas lá para o fim da tarde aventurei-me até à rua e fui ver um belo filme japonês de 1965, à Casa Ásia. Era o Sword of the beast, do Kenji Misum, um filme de samurais... e da luta de classe interna. As lutas de classes são, realmente universais e intemporais!

Acabado o filme, decidi fazer o passeio a pé desde a Diagonal até ao Raval (até rima e tudo). Que coisa impressionante que é ver os turistas todos bem vetidos e perfumados a passearem-se pelo Passeig de Gràcia, que voaram horas, atravessaram o Atlântico até, para vir ao McDonald's, ao Starbucks ou ao Hard Rock Café! Enfim, cada um com a sua, certo.

Já em território mais familiar, e bastante mais simpático, no Raval, a caminho de uma esplanadita para ir ter com uns amigos, cruzei-me com um jovem que olhou para mim com aquele olhar de aprovação que apenas mereço de africanos, os únicos que parecem conhecer as maravilhas das mulheres... gordas, digamo-lo abertamente! E ri-me pensando... mais um a quem agradam as ancas largas. E continuei o meu caminho. Mas entretanto reparei que estava alguém a andar ao meu lado e a falar comigo. Era o dito moço (aqui é complicado usar a palavra moço... os mossos d'esquadra são a polícia municipal do sítio, mas enfim) que tinha dado meia volta e vindo atrás de mim porque TINHA de falar comigo. Que eu era linda e que tinha mesmo de falar comigo e porque não falava eu com ele?! Como estava com pressa e, confesso, sem paciência, fui-lhe respondendo em português que não o percebia e que estava com pressa. Mas ele insistia e começou então a falar-me em inglês. "Why don't you want to talk with me? I really want to talk with you. You really are so beautiful. Why don't you talk with me?" E lá fui respondendo e andando... que realmente não me apetecia falar com ele e que tinha de ir ter com uns amigos. Com estas confusões entretanto perdi-me! :S E ele continuava a insistir, de onde eu era, onde morava, que estava aqui a fazer, quanto tempo cá ía ficar, o que podia fazer para me ajudar a encontrar a tal esplanada, etc. etc.. Sempre muito simpático e educado, atenção! Entretanto encontrei a esplanada e ele parou-me para me dizer que também tinha de ir ter com uns amigos mas que nos podíamos encontrar depois para beber um copo. E dizia "Why can't I want to talk with you?" e eu respondia "Why do I have to want to talk with you?" Que conversa de tontos. Então lá me disse que queria dar-me o número dele para que eu lhe ligasse quando tivesse tempo. E eu lá apontei o número... tenho-o aqui comigo e pergunto-me... porque é que tenho a certeza que não lhe vou ligar?? Porque não quero falar com ele? Porque me acontece sempre isto? Porque nunca quero falar com "eles"? Quando não me ligam nenhuma é porque são uns totós idiotas que nem me vêm porque sou gorda, mas quando me vêm, quando me ligam... sou eu que não quero. No fundo, pensando bem, talvez seja pelo mesmo motivo. Uns nem me vêm porque sou maior que o instituído como o padrão do bonito... outros só me vêm porque associam as mulheres grandes à beleza, a fertilidade, sei lá. No fundo... é sempre uma questão estética, não? Nunca se vai mais profundo. Mas por outro lado... o que está por fora, à vista, é sempre a 1ª coisa que se vê e temos sempre de começar por algum lado... ai, ai. Tanta complicação para quê? Por que raio complico sempre tanto as coisas? De que tenho medo afinal?

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postado por wandering_dune às 10:46 da tarde

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