as coisas que lemos

por vezes lemos coisas que fazem tanto sentido, que nos tocam num dado momento da vida, que expressam algo que sentimos. nos mais diveros locais, nas mais diferentes formas literárias, por vezes algo aparece dito de forma tão clara...

hoje aconteceu-me isso, enquanto lia a national geographic que me fazia companhia durante o almoço. no meio de uma entrevista a Edward O. Wilson, conservacionista, biólogo evolucionário, teórico da natureza humana e especialista em formigas (e eu normalmente nem leio entrevistas, mas as formigas despertam-me sempre uma certa curiosidade) aparece-me esta pérola, que talvez não soe a grande coisa, mas que fez tanto sentido

"(...) Não vejo com bons olhos a confluência da religião e da ciência
e partilho da opinião de muitos cientistas que asseveram que o
criacionismo não é uma teoria científica em qualquer sentido da
palavra. Mas depois penso: «Vamos pôr isto de lado. Vamos
reconhecer que a ciência e a religião são as duas forças
mais poderosas do mundo; em vez de discutir de onde
surgiu a vida, podemos dedicar-nos a salvá-la»."

e depois mais à frente sai-se com isto:

"(...) A mente humana evoluiu para procurar um sentido. O universo é tão belo,
complexo e surpreendente... Tal como a vida. Lembra-se da frase de Darwin:
«Formas de vida infinitas, belas e maravilhosas, estiveram e estão a evoluir».
Hoje, temos mais indícios disso do que Darwin. Compreendemos isto até ao
nível molecular; quão extraordinária é a vida enquanto fenómeno. Só isso
convida mais à espiritualidade do que qualquer outra coisa fornecida pelos
escribas de um reino no deserto da Idade do Ferro que escreveram a Bíblia
Sagrada. Eles criaram uma obra literária impressionante. Mas não
compreendiam verdadeiramente o mundo que os rodeava ou as estrelas
do céu. Transformaram-nos em metáforas, atribuíram-lhes características
poéticas, fizeram o melhor que podiam. Mas ainda assim, ficaram aquém
daquilo que a humanidade consegue sentir no que respeita ao sagrado e
à beleza estética"

lindo, não acham? a mim deliciou-me e apeteceu-me partilhar. espero que também apreciem