abandonada(s)

na semana passada fui a uma entrevista de emprego (mais uma) em Mafra. não sei porque razão insisto em ir às entrevistas, se já sei que os lugares estão todos "prometidos" a alguém que, infelizmente, teima em não ser eu, mas adiante! a verdade é que aproveitei a viajem rumo ao sul para visitar um velho amigo de infância, que vive agora em Sintra.

depois de muita conversa e um belo almocinho, saímos para passear pela praias da zona. fomos até à do magoito e começámos logo a deitar o olho a umas belas casas abandonadas viradas para o mar. pelo que me disse o meu amigo, pertenceram à PIDE e teriam sido usadas para "interrogatórios", o que talvez justifique o facto de ninguém lhes pegar. uma delas tinha ainda persianas, janelas e portas! enquanto lhe dizia como ultimamente me tinha andado a dar para reparar nas casas abandonadas, para as fotografar... e que aquela música "era uma casa, muito engraçada, não tinha tecto, não tinha nada" me tinha andado a perseguir nos últimos tempos, passávamos em frente à tal casa e... não conseguimos resisitir! tínhamos de ir explorá-la, como costumávamos fazer quando andávamos no liceu. nessa altura passávamos tardes inteiras a percorrer as casas abandonadas de Coimbra e chegámos mesmo a fazer festas em algumas delas.

bem, e foi só começar... das casas do magoito passámos a uma mansão nas azenhas do mar, com uma adega e altas vistas para o mar e depois para uma casa e pensão na praia das maçãs.

foi uma bela tarde de exploração de abandonos. no meio das conversas, de recordações e coisas mais actuais que nos agradam ou atormentam, que nos passam pela cabeça, ficámos a pensar se esta nossa esta tendência para as coisas deixadas por aí, este medo/paranóia de ser abandonado, não terá alguma coisa a ver com os desenhos animados que víamos em crianças, especialmente o Marco. realmente, dá que pensar... em miúdos chorámos e sofremos em conjunto com um rapaz abandonado pela mãe, que percorre o mundo à sua procura e em adultos continuamos com esta tendência... será? que tendências terão os miúdos que hoje vêm desenhos animados cheios de super guerreiros, armas, explosões, destruição...