as palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
Coração do Dia
Limiar, Porto, 1958
words.
Some a dagger,
some a blaze.
Others,
merely dew.
Secret they come, full of memory.
Insecurely they sail:
cockleboats or kisses,
the waters trembling.
eu tento escutar... mas é dificil
lindoooooo
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