andava eu a queixar-me da minha vida pacata de quinteira, sem nada para fazer, a deitar-me às 10 e a acordar às 7, quando ontem...
... cheguei à quinta com o sol já a por-se por detrás de umas nuvens carregadas de trovoada. o portão estava fechado, mas lá dentro estava o carro da Ilda (que trata da quinta), o que não é nada normal àquela hora, especialmente ao domingo, mas estava tudo fechado e pensei que talvez tivesse ido a qualquer lado com uma das filhas que moram por ali perto e depois voltaria para buscar o carro. como estava a chover, fui deixar o carro à garagem onde está o meu 2CV. cheirava um bocado mal ali e apressei-me a sair.
ainda dei umas voltas a ver se via alguém, mas nada. entrei então em casa e fui abrir as portadas para arejar um pouco. quando saí para o terraço de trás vejo um rasto de sangue que vinha de uma ponta à outra do terraço, depois em roda da mesa e ao pé de cada porta, como se alguém tivesse andado a tentar entrar, à procura de ajuda. porra!! mas o que aconteceu aqui?? onde anda a Ilda?
peguei numa lanterna para ir dar mais umas voltas, mas estava muito escuro e achei que seria melhor pegar no carro e ir até casa dela ou de uma das filhas. quando me ía a dirigir para a garagem comço a ouvir uns berros vindos de lá. como se alguém estivesse a chamar, aflito. chamei, perguntei quem anda aí, mas nada e os berros entretanto pararam.
cada vez mais assustada, voltei para dentro de casa, fechei todas as portas e telefonei à Guida, a filha da Ilda que mora mais perto de mim. comecei por perguntar-lhe apenas pela mãe, mas ela não sabia por onde andaria e também estranhou o carro dela estar ali. quando lhe contei do sangue ficou também preocupada e ficou de ligar às irmãs a ver da mãe e que depois iria ter comigo. logo depois ligou-me para me dizer que a mãe estava bem, que tinha ido jantar com a irmã, e que o sangue seria de uma cabra que por ali terá andado ferida e que se foi meter debaixo do meu 2CV, de onde não conseguia saír. mas como os berros recomeçaram, ela ficou de lá ir assim que o marido chegasse, para tentarmos resolver o assunto.
quando vieram vimos que a cabra lá estava, coitada, presa debaixo do carro. deve ter andado por ali o dia todo, a tentar entrar por qualquer lado, à procura de alívio para o sofrimento em que devia estar. e foi deixando todo aquele rasto de sangue.
como não a conseguíamos tirar, ligámos à GNR a ver se vinha tratar do assunto, mas não se mostraram muito disponíveis. a Guida foi então a casa do meu vizinho que é pastor, para ver se a cabra seria dele. era e ele lá veio buscá-la no seu tractor. entretanto ainda apareceu a GNR, mas o vizinho foi logo despachá-los e eles nem saíram do jeep. e eu lá me meti no 2CV para que eles o afastassem para tirar a pobre cabra e só me diziam "não saia daí que é melhor não ver isto!". mas eu vi, assim pelo rabo do olho... a cabra ainda estava viva e foi pelo próprio pé, mas já quase não tinha um lado da cabeça. muito sangue e bichos na ferida, um cheiro horrível.
o homem lá foi, com a cabra no tractor. passados uns 5 minutos ouvi um tiro. e assim se acabou o sofrimento do bicho. e o meu!
que noite!! dava uma pequena curta de terror, hem?!
Etiquetas: aventuras na quinta
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